Michelotto Corella, também conhecido como Michele da Corella, foi um personagem sombrio e enigmático na corte dos Borgia, uma das famílias mais poderosas e infames da Renascença italiana. Ele ganhou fama por suas habilidades como assassino contratado, e sua lealdade aos Borgia era inabalável, mesmo diante das disputas políticas e religiosas que marcaram a época.

Não se sabe muito sobre a origem de Michelotto, mas ele foi contratado pela família Borgia por volta de 1499. Naquele tempo, os Borgia estavam se consolidando como uma das mais influentes casas da Itália, liderada pelo papa Alexandre VI e seus filhos Cesare e Lucrezia. Michelotto rapidamente se tornou um de seus principais colaboradores, um homem de confiança que era responsável por tarefas secretas e arriscadas, incluindo o assassinato de inimigos e competidores.

Diz-se que Michelotto tinha uma personalidade fria e sádica, e era capaz de matar sem piedade. Ele era especialmente habilidoso em usar veneno, uma das armas preferidas dos Borgia. Em uma ocasião, Michelotto foi encarregado de matar o duque de Gandia, irmão de Cesare Borgia, que havia se tornado um obstáculo para os planos da família. Michelotto teria o levado a um beco escuro, onde estrangulou o duque e jogou seu corpo no rio Tibre.

Outro episódio famoso da carreira de Michelotto foi seu envolvimento na morte de Alfonso de Aragão, marido de Lucrezia Borgia. Alfonso e Lucrezia estavam se separando, o que ameaçava a aliança entre os Aragão e os Borgia. Michelotto foi contratado para assassinar Alfonso em sua cela na prisão, o que fez com sucesso, sem deixar rastros.

Apesar de ser temido e respeitado pelos Borgia, Michelotto nunca foi inteiramente confiável para todos os seus parceiros. Muitas vezes ele trabalhava como agente duplo, oferecendo seus serviços para outros ricos e poderosos. Cesare Borgia, em particular, suspeitava de que Michelotto não era inteiramente dedicado a sua causa, e que poderia traí-lo a qualquer momento. De acordo com algumas fontes, Michelotto teria sido morto por Cesare em 1508, depois de uma última missão que envolveu o assassinato do líder veneziano Pietro Barbo.

A figura enigmática de Michelotto Corella continua a intrigar os historiadores e estudiosos da Renascença italiana. Sua carreira como assassino contratado reflete a violência e a instabilidade da época, em que a política e a religião se fundiam em um cenário caótico e sangrento. Seu papel como confidente dos Borgia destaca a importância da lealdade em uma sociedade cheia de traições e intrigas. E sua reputação como o favorito dos Borgia continua a despertar curiosidade e medo, séculos depois de sua morte.